quinta-feira, 25 de março de 2010

CLAUSURA NO CASTELO

Albuquerque, 1344

Encarceram-me aqui, neste castelo de Albuquerque, na região da raia entre Castela e Portugal, quiseram roubar-te de mim e conseguiram-no. Já o havia tentado tua esposa, quando congeminou aquele estratagema de me convidar para madrinha do vosso filho, o tenro e franzino, infante Luís. Mas, agora, este meu forçado exílio tem o dedo do teu pai, o Sr. D. Afonso IV… Ele não entende o quanto nos amámos, nos queremos bem… Tudo fará para nos separar definitivamente… Coração insensível o dele…
Sinto-me só, abandonada… Preciso do teu carinho, do teu abraço forte para atenuar esta melancolia e padecimento que me invadem, me gelam o corpo e a alma! Ó meu Deus, afasta de mim este cálice, se puderes…
Não vou contudo desistir deste sentimento único e tão nobre, só ele me alenta e me faz agarrar à vida e suportar esta clausura dos Homens e do Mundo…




Inês