quinta-feira, 25 de março de 2010

PRENÚNCIO DE MORTE

Coimbra, 7 de Janeiro de 1355



Ai, Coimbra…


Os teus ares frescos, convidaram-me a sentar nesta sombra calma, de onde aspiro um ar puro, de onde ouço as águas descendo a encosta e cantarolando um louvor à vida, de onde sinto o suave cheiro do aroma verdejante desta bela paisagem que me envolve…
Toda esta quietude, que deveria proporcionar-me uma felicidade e paz interior, me traz numa melancolia e sobressalto mui grandes…
Por onde andará o meu jovem e adorado Pedro?!
Nas cavalgadas, em partes incertas ….
Será que pensa em mim, nos deleitosos e loucos momentos que partilhámos e nos nossos formosos rebentos - fruto desse amor eterno e sublime que nos enleia - que vagueiam e brincam por esses campos afora, sempre, de perto, por meus olhos atentos, seguidos? …
Não saberei jamais viver apartada da sua Companhia e Bem-querer… Um só e breve instante de ausência e todos os cenários dos mais macabros e horríficos se me afiguram diante destes olhos que se turvam…
Por que motivo estarei eu nestes loucos devaneios?!
O meu coração pressagia algo que nada de bom nos trará …
Mas, porque será que, repentinamente, o ar se arrefece, o céu se escurece e as águas já não cantam, mas choram? … As minhas mãos trémulas já não têm força sequer para prosseguir nestes meus desabafos…
Pedro, se o meu coração, um dia, deixar de bater, compassado, ao ritmo do teu, procura-me neste paradisíaco local, onde ambos bateram numa só cadência, a do AMOR… Salva-o, eterniza-o…
A tua sempre tua,






Inês