quinta-feira, 25 de março de 2010

MAIS UM LAMENTO...

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Meu adorado Pedro,


As minhas noites, que deveriam ser sinónimo de descanso, são de tormenta, dado que não te posso sequer vislumbrar e tenho pesadelos só de saber-te noutro leito, o conjugal, abraçado a essa que o matrimónio conferiu os direitos e (inveja perversa!) os prazeres de esposa…
Mas, de dia, o suplício é ainda maior, pois vejo-te de relance apenas, mas não te posso confessar o quanto me trazes cativa e em sofrimento atroz.
Será que me vês única e simplesmente como uma aia de tua mulher? Ou será que esses teus belos olhos tentam também esconder o teu verdadeiro estado de alma? Será que poderei ter alguma, ainda que ténue, esperança?!
Como mulher temente a Deus deveria abominar tais pensamentos pecaminosos, mas sou humana e o coração tem razões que a própria razão desconhece…
Não escolhi amar-te, o destino assim o determinou, para (talvez!) desgraça minha…
Quanto mais o tempo avança, mais difícil é refrear este cavalo indomável que corre, salta na arena do meu peito…


Inês